A bonança depois da tempestade e uma ala esquerda imparável

Foram vinte minutos de elevado nível do Braga. Não na criação – que foi pouco mais do que inexistente – mas na forma como tirou a bola ao Sporting. Os posicionamentos na frente bem decididos, deixaram dúvidas na saída leonina, que perdeu as bolas suficientes no seu meio campo defensivo para que a equipa de Carvalhal tomasse conta do jogo. Com André Horta e Al Musrati com mais capacidade para sair da pressão que os médios adversários, o Sporting passou demasiado tempo em Organização Defensiva, e ao segundo movimento igual, Fransergio marcou. É incrível a preponderância e protagonismo que o médio (que jogou no trio da frente) assume nas zonas de finalização.

Pressão Habitual do Sporting – Uma má decisão de Matheus valeria recuperação de Palhinha, assistência de Matheus e golo de Pote
Posicionamentos defensivos do Sporting são quase todo o segredo do sucesso – Da boa qualidade defensiva e da eficácia ofensiva

Depois da tempestade a bonança.

O novo Sporting – Igual ao passado, mas que promete bem mais qualidade individual – Nuno Mendes não pára de crescer, Paulinho está mais ligado ao jogo do que nunca, e ligar-se-à ao golo, e Jovane promete uma temporada de nível incrível na definição no último terço (apenas a troca João Mário por Matheus reduziu de sobremaneira a qualidade no meio campo, mesmo que o novo dono do lugar tenha raio de acção elevadíssimo) – não precisa de ter demasiada bola para ser altamente perigoso e para estar à beira de marcar.

Tomou as rédeas do jogo no momento ofensivo, mesmo que em Transição, e uma bola verdadeiramente fabulosa de Nuno Mendes – O que joga o miúdo é um absurdo – Em todos os momentos (defensivos e ofensivos!) isolou Jovane que cresceu para um nível tremendo no que concerne à definição no último terço, e naturalmente não desperdiçou a oportunidade de empatar o jogo.

Posicionamento híbrido defensivo do Braga – Alterna entre o 5x4x1 (quando Esgaio subia, Galeno descia e Fransergio ficava incumbido de fechar corredor em linha média) e o 4x4x2 quando Galeno defendia no meio campo ofensivo

De uma decisão totalmente errada do guardião Matheus – Bola viajada a cair no corredor central com a equipa aberta – nasceu a viragem leonina. Palhinha ganhou a bola e Matheus aproveitou o muito espaço existente porque defesas bracarenses estavam com posicionamento ofensivo para descobrir Pote, para mais uma maravilha de um dos mais eficazes das últimas décadas – É incrível como acerta tanto, mesmo que na noite de Aveiro tenha desperdiçado bem mais do que o habitual!

Já antes da virada, o Sporting com a dinâmica de Nuno Santos no corredor esquerdo havia criado condições se adiantar. A riqueza tática e nível a que se apresentam diversos jogadores leoninos deixou água na boca ao longo da última metade do primeiro tempo, onde a equipa de Rúben Amorim foi bem capaz de ultrapassar a tempestade do inicio da partida e cavar de forma determinante as diferenças entre os conjuntos.

A segunda parte não poderia ter decorrido com toada mais vantajosa para o Sporting. Em vantagem, e sendo uma equipa de extraordinária competência em Organização Defensiva e qualidade extra em Transição Ofensiva (momentos em que recupera a bola e tenta chegar rápido à frente em Contra Ataque), a equipa de Amorim foi somando saídas deveras prometedoras. Cada ataque levou um potencial perigosissimo e apenas a eficácia na hora de atirar à baliza foi mantendo o Braga vivo no jogo.

Fosse Paulinho a chegar, Jovane a alimentar ou a finalizar, ou Pote a desperdiçar, foi um vendaval de situações perigosas, quase todas elas a surgirem de recuperações ou saídas de pressão de um tremendo Nuno Mendes.

Destaque: Nuno Mendes e Jovane. A ala esquerda leonina promete miséria nas defensivas adversárias na presente temporada. A sair de pressão, a definir entrada no último terço, na ruptura ou jogando no pé e a finalizar, a dupla vai entrosando-se e demonstrando qualidade em todas as situações.

Nota final para o bracarense Al Musrati – Encheu novamente o campo demonstrado o seu nível incrível em todos os momentos do jogo. Sem bola, com bola, o líbio foi um jogador à parte na equipa arsenalista.

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